
Afinal há cães que gostam dos abrigos
Bailey fugiu do seu novo dono, durante 36 horas, mas tinha uma missão desconhecida dos humanos; chegar à associação, onde vivera durante um ano, antes de ser adoptada.
Há dia e meio que Bailey desaparecera e a cada hora que passava todos os que a procuravam sabiam, que as possibilidades de a encontrar com vida diminuíam.
A Liga de Resgate Animal de El Paso, no estado norte-americano do Texas, lançou um apelo de SOS no Facebook: Bailey fugira do seu novo dono e há dia e meio, e ninguém lhe punha a vista em cima, apesar de todos os esforços para a encontrar. Uma noite inteira em busca de Bailey e nada…
Bailey já havia sido adoptada antes, mas três dias depois, o anterior dono devolveu-a, porque fugiu da casota e destruiu parte de uma obra de arte. Um mês mais tarde, foi novamente adoptada.
O novo tutor já tinha um cão e, depois de algumas visitas para garantir que os dois se davam bem, levou Bailey para o seu novo lar. Os dois cães iam com ele todos os dias para o trabalho, pois era professor, treinador e praticante de artes marciais.
Tudo parecia correr bem até 29 de Janeiro, quando Bailey escapou, enquanto o dono tentava colocar-lhe um novo arnês. O homem foi atrás dela a pé e de carro, mas Bailey desaparecera. Desesperado o dono ligou para o abrigo, que lançou de imediato, um alerta urgente, informando os mais de 33 mil seguidores, de que Bailey estava à solta e pedindo-lhes que reportassem qualquer avistamento. E foi vista em vários locais, mas nunca a conseguiram resgatar…
No dia 31 de Janeiro, Yvonne Arratia, da associação, estava deitada na cama e quase a dormir, quando ouviu um som vindo do telemóvel, que significava: alguém estava a tocar à campainha do abrigo, mas era 1h15, da madrugada! Quem é que estaria a bater à porta àquela hora? “Estou a sonhar!” pensou. Depois ouviu um segundo toque e, finalmente, a voz robótica do telemóvel disse: “Alguém está à porta”.
Enervada, levantou-se para ver quem era. Abriu a aplicação Ring, que mostrava uma imagem do exterior do abrigo, e viu dois olhos a brilhar no escuro. Depois, o corpo inteiro de um animal ficou à vista. “Oh meu Deus, é a Bailey?!”
Yvonne correu para o quarto da filha. Geneieve, que também trabalhou no abrigo para que a ajudasse a acreditar, no que acabava de ver… Desligaram o microfone da campainha para falarem com Bailey …
“Bailey! Bailey! És tu?”
A cabeça castanha da cadela apareceu a ocupar todo o ecrã, para depois choramingar e arranhar a porta. Yvonne e a filha entraram para o carro e voaram até à associação. A funcionária conduziu enquanto Geneieve continuava a falar com o animal através do telemóvel, tentando que ficasse lá durante os cerca de 15 minutos de viagem.
Pois era mesmo Bailey, que tocou à campainha do abrigo, à uma e tal da manhã e esperou, que lhe abrissem a porta! Havia percorrido dez quilómetros! Atravessou a estrada principal de El Paso e o Interstate 10 (auto-estrada interestadual) para encontrar o caminho de regresso à associação. Bailey é um exemplo de coragem e inteligência, disse a directora do abrigo.
Quando chegaram, Bailey ficou extasiada. Yvonne recolheu-a, alimentou-a e deixaram-na descansar. De manhã, contactaram o dono, informando-o, de que o animal tinha sido encontrado a salvo e que estava na associação.
Quando o tutor chegou, Loretta, a directora da associação, deu-lhe um raspanete, dizendo-lhe para ter mais cuidado. O homem concordou, que deveria passear Bailey com duas trelas e arranjar uma coleira com um localizador. “Tivemos a sorte de ela ter conseguido atravessar todas estas estradas cheias de trânsito e não ter sido atropelada. O que vale é que ela também sabe por onde andar”, afirmou Loretta.
“Ela viveu no abrigo durante tanto tempo que era a casa dela”, escreveu a associação no Facebook, anunciando que Bailey tinha sido encontrada. “Ela sentiu-se segura aqui. Quando fugiu, estava numa missão para chegar a casa.”