Texto Diogo Belo
É normal os nossos cães comerem ervas?
O senso comum é que servem para “purgar”, ou seja, ajuda-os a limpar o organismo. Esta ideia aparenta estar próxima da realidade, no entanto, existem outras hipóteses que podem também explicar este fenómeno.
Com base em dois estudos, sobre o consumo de ervas por cães, um mais alargado¹, e um mais controlado², concluiu-se, portanto, que é um comportamento comum.
Cerca de 70% dos cães comem ervas diária e semanalmente, e não se comprovou qualquer correlação direta entre o consumo das ervas e o vomitar ou mau estar do animal, uma vez que apenas 8% dos cães apresentava indisposição antes de ingerir ervas e 20% chegou a vomitar.
Observaram-se ainda duas tendências. Os cães mais novos consomem plantas mais frequentemente do que os mais velhos, e ainda, que se os cães já tivessem comido a sua refeição, ingeriam bastante menos ervas e menos vezes, do que os que ainda não tinham comido. Não se notaram diferenças de comportamento entre os cães alimentados com ração e os cães alimentados com comida caseira.
De um modo geral não está associado a mal-estar, nem a uma deficiência nutritiva, apesar de existirem casos pontuais em que é possível fazer esta correlação.
Uma necessidade biológica vestigial?
De acordo com um estudo desenvolvido sobre felídeos selvagens³, colocam-se duas hipóteses principais, a da auto medicação e a da fonte de alimento.
A hipótese da auto medicação, consiste no consumo de ervas para ajudar a remover parasitas intestinais, pois estes reduzem a eficiência energética da sua alimentação.
Em ambiente selvagem, este é um fator crucial para a sua sobrevivência, uma vez que a comida não é garantida.
Isto é especialmente importante no caso dos felídeos com menor massa corporal, uma vez que têm um metabolismo mais acelerado e menos eficiente. Estes são mais afetados pelas perdas de energia associadas a parasitas, o que pode estar associado ao maior consumo de plantas observado.
A segunda hipótese consiste num modo de subsistência pontual, com recurso a plantas, de modo a amenizar os períodos de fome por escassez de presas.
Estes estudos, apontam para o consumo de ervas como um comportamento vestigial, que tem origem num passado selvagem e numa evolução junto ao homem.
O facto de os cães mais jovens consumirem mais ervas, pode estar relacionado com a sua imunidade mais baixa contra parasitas e patógenos.
Atenção aos locais em que ele gosta de mastigar verduras, pois muitos relvados ou parques usam pesticidas e outros químicos que podem ser tóxicos para o seu amigo de quatro patas!
O Xicco a comer ervas.
Concluindo, o seu cão a comer ervas é geralmente um comportamento habitual e não é problemático. No entanto, se este se mostrar doente ou com um comportamento atípico, o melhor é recorrer ao veterinário.
Fontes (Beynen, 2020); ¹(Hart, 2008); ²(Bjone et al. 2007); ³(Yoshimura, 2021).