Por Otília Leitão

Na espuma dos dias de guerra, em que se vê pelos media, ataques de tanques e metralhadoras, prédios destruídos e pessoas feridas, com o êxodo de populações para escaparem ao conflito Ucrânia/Rússia, também se notam muitos animais de estimação, sobretudo cães, em busca de locais seguros. Se uns animais ficam para trás, como é comum em cenários de catástrofes, é também visível, em diversas cidades da Ucrânia, após a Rússia invadir o país, animais aconchegados ao peito, ao colo, em caixotes e em carrinhos próprios, junto aos seus donos, que não os quiseram deixar para trás.

Foto Facebook

Alguns tornam-se heróis ao fazerem companhia aos soldados.

O cão Rambo encontrado nos destroços, foi resgatado por soldados ucranianos e tornou-se um guarda das forças militares. Num vídeo tornado público, pelos próprios, vê-se um dos militares a comentar que Rambo é agora seu protetor.

Cão resgatado por soldados ucranianos. (Foto: Reprodução Youtube/FreedomNewsTV | Edição: Amo Meu Pet)

Numa trincheira perto da cidade de Avdiivka, nas proximidades da região de Donetsk, reduto nas mãos dos separatistas pró-russos no leste do país, o militar ucraniano Mykyta, de 21 anos, faz uma festinha a uma cadela, segundo o jornal Correio Brasiliense.

Ao longo da história os cães sempre tiveram um papel importante na vida das pessoas, sendo muitos e muitos, que tem atos de abnegação, companheirismo e amizade eternas para com os seus donos. O seu papel em tempo de guerra é quase sempre heroico e de ternura.

Foi assim já no Império Romano, quando o exército de Roma foi surpreendido por cães de armadura do povo teutônico, na batalha de Vercellae. Acabaram por ser adotados.

Alguns tiveram sua história gravada para a posteridade com atos heroicos, como desativar bombas, farejar inimigos e salvar a vida de soldados e cidadãos comuns.

Quando em 2011, a operação norte-americana matou o alegado líder terrorista Osama Bin Laden, a marinha norte-americana usou o cão chamado Cairo da raça  Pastor Belga Malinois.

Equipamento semelhante ao usaado por Cairo. Foto K9 Storm

Também Theo, um cão que rastreava explosivos, recebeu, em Outubro de 2012, uma medalha póstuma, título de herói de guerra britânico. O animal, que morreu em 2011 junto ao soldado britânico e amigo inseparável, Liam Tasker, em missão no Afeganistão, recebeu a medalha” Dickin”, a mais importante que existe desde a Segunda Guerra Mundial.

Também na guerra do Vietname entre 1966-1973, cerca de 5 mil cães/soldado, norte-americanos, serviram no conflito e dez mil pessoas foram seus cuidadores. Estima-se que salvaram mais de dez mil pessoas. Muitos deles sucumbiram.

Durante a Guerra da Síria, por exemplo, a população que permaneceu no local decidiu criar uma equipa de resgate STAR -Syrian Team for Animal Rescue, (em inglês), para acolher os cães abandonados pelos seus donos.

No auge da tensão no Oriente Médio, em 2016, a voluntária Hamada Azqul desabafou com um dos repórteres da Agence France-Presse (AFP) sobre esse trabalho da STAR com os cães conhecidos como vítimas esquecidas. “A guerra não poupou ninguém. Animais fugiram, assim como seres humanos; mas, pelo menos, as pessoas têm centros para refugiados e organizações que oferecem comida”.

Sejam cães famosos, de raças específicas ou comuns vira-latas, de todos recebemos lições de lealdade, amor, coragem, inteligência e sobretudo profunda amizade, em palco de tragédias no mundo, ao serviço humanitário ou da ciência.

Bothie. Foto Wikipedia

Bothie, o único cão que foi ao Polo Norte e ao Polo SUL.

Óscar, um cão rafeiro, esteve nas ruínas de Machu Picchu, foi à Muralha da China, navegou pelo Rio Amazonas, voou de asa-delta no Rio de Janeiro e banhou-se nas águas da Fontana di Trevi, em Roma.

Óscar, o cão viajante. Foto Housevet

Ao  tornar-se o cachorro mais viajado do planeta, Óscar também ganhou a fama de embaixador internacional dos cães sem-teto. Em 2013, morreu atropelado por um carro, mas sua história ficou.

O corajoso Jack Russell Terriê, pertencia ao conhecido explorador britânico Ranulph Fiennes, comprado em 1977 dois anos antes de ele e a sua mulher, Virgínia terem partido para a expedição TRANGLOBO de circum-navegação da terra passando pelos Polos, expedição planeada ao longo de dez anos. A expedição começou em 1979 terminou em 1982.

Bothie que está entre os cem cães que mudaram, o mundo, na obra de Sam Stall, foi o único que foi aos dois polos da terra, tornou-se uma celebridade ao ser eleito o cão do ano na Grã-Bretanha em 1982/83.

Da conquista do espaço a apoio de reis e presidentes

Laica, a cadela rafeira apanhada em Moscovo tornou-se o primeiro ser no espaço. O seu voo foi um golpe de propaganda tecnológica destinado a mostrar o avanço soviético na conquista do espaço. Assim foi colocada no SPUTNIK II e faria uma viagem só de ida. Aconteceu em 3 de novembro de 1957.  Em 2002 os cientistas russos, que trabalharam no projeto admitiram que Laica morreu poucas horas depois de iniciar a viagem. A sua cápsula permaneceu em órbita até 14 de abril de 1958.

Laica, das ruas de Moscovo, foi enviada para o espaço. Foto wikipedia

Mais um animal sacrificado em nome da ciência dos homens… Ela figura no monumento aos conquistadores do espaço, em Moscovo.

Dempsey, uma cadela Pit bull terrier, safou-se da pena de morte instituída pela lei inglesa sobre animais perigosos, em 1991, que declarou ilegal possuir cães de raças perigosas, como o cão de fila brasileiro, Dog argentino, Tosa e Pit bull terrier, sem autorização.

Dempsey. Foto Wikipedia

Levada a passear em 1992, por uma amiga da dona, que lhe tirou o açaime, foi presa em 1992. Associações dos direitos dos animais e a atriz Brigitte Bardot efetuaram uma campanha denunciando a injustiça e a cadela foi libertada três anos depois. A lei continua em vigor.

Há o Pompey, o cão pug que salvou uma dinastia, porque acordou o príncipe Guilherme da Holanda perante um ataque dos espanhóis, em 1572.

Pompey.Foto wikipedia

E Snuppy o primeiro cão clonado do mundo em 2005, um galgo afgão

Snuppy, clonado. Foto portaldodog.com

Robot o cão que descobriu um tesouro em obras de arte escondidas, em 1940, Jo-Fi, o cão de raça chow-chow, que ajudava Freud na psicanálise, a avaliar os seus doentes e CAP o pastor alemão, que inspirou Florence Nightingale a dedicar-se à enfermagem, estão entre os canídeos que influenciaram o mundo. (OL)

2 COMENTÁRIOS

  1. Adoro a Vossa revista pela atitude relativamente aos animais, sempre na linha da frente na defesa dos seus direito. Obrigada!

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