Texto e fotos por Graça Afonso
O Inverno está aí não tarda! E o frio, a chuva e a humidade contribuem para um ambiente instável… Os seres humanos constipam-se com mais facilidade. Os cães podem contrair traquebronquite infeciosa, uma infecção das vias respiratórias, vulgo Tosse do Canil.
Essa infecção pode ser provocada por um ou mais agentes infecciosos, como vírus e bactérias. Os agentes responsáveis pela transmissão da doença são a Parainfluenza Canina, o Adenovírus Canino 2 e a bactéria Bordetella Bronchiseptica com elevado nível de contágio entre cães e que contaminam bebedouros, roupas, calçado e até os brinquedos.
A disseminação da doença acontece pelo contacto directo com outro cão infectado, pelas gotículas de saliva, quando o outro cão tosse ou espirra ou pela partilha de objectos.
E como estes vírus e bactérias “brincalhonas” se transmitem acima de tudo via área, é óbvio que existe um maior risco de contaminação em parques e hotéis caninos, escolas de treino ou outros espaços, onde se concentrem maior número de cães, como os eventos caninos. Daí que hóteis caninos sérios exijam a vacina da tosse do canil, em dia.
Mas descansem quanto ao contágio, porque nós humanos e gatos estamos a salvo.
Mais vale prevenir que remediar
No Verão de 2021, registou-se, em Portugal, um surto de tosse do canil. Este Outono de 2024, os médicos-veterinários já registaram grande número de cães infectados, pelo menos na zona de Sintra.
E como é melhor prevenir que remediar, aconselha-se a vacina da Tosse do canil.
Sintomas da tosse do canil?
Um dos sintomas é a tosse seca e cavernosa, a chamada tosse de cão (risos), por vezes acompanhada de expectoração, espirros e corrimento nasal ou ocular. Chiados respiratório, espuma gomosa, febre.
A tosse aumenta com a excitação, passeios à trela e depois de exercício físico.
Em cães mais velhos, fragilizados ou sem vacina, pode evoluir para broncopneumonia, aí já com sintomas de febre, secreção nasal, perda de apetite ou tosse com bastante expectoração.
Os sintomas ocorrem entre cinco a dez dias, após o contacto com cães contaminados.
A doença surge com mais frequência nas estações do ano e regiões mais frias, altura em que as vias respiratórias ficam mais expostas e frágeis com o clima húmido e temperaturas baixas. No entanto a infecção pode ocorrer em qualquer altura do ano.
Dicas sobre o diagnóstico
Em caso de dúvida existe um exame específico para a tosse do canil, mas o diagnóstico baseia-se no historial do cão; se tem a vacina da tosse do canil ou não, se está em contacto com outros cães e claro os sintomas associados e já descritos.
O médico-veterinário deve analisar o cão para excluir outras causas como doenças cardíacas, infeções fúngicas ou parasitas. Se necessário, poderão ser realizados exames complementares como, radiografia à região torácica, análises ao sangue ou análises microbiológicas.
Tratamento e prevenção da Tosse do Canil
O efeito da doença da tosse do canil passa no período de sete a 14 dias. Porém o cão pode transmiti-la durante mais seis a 14 semanas. Seja consciente e responsável e se o seu cão foi diagnosticado com Tosse do canil evite o contacto com os cães amigos.
Depois do diagnóstico, o médico-veterinário, poderá aconselhar medicação com anti-inflamatórios e antibióticos, se assim o entender como necessário. A fim de aliviar a tosse, pode também medicar um antitússico. E se o cão estiver desidratado ainda será necessário administrar fluídos e inalações.
Condições ambientais para recuperação
1 – Lave as mãos com água e sabão, após contacto com o cão infectado
2 – Medique o cão na dosagem e horários exactos, orientados pelo médico-veterinário
3 – A casa deve ser limpa com mais cuidado, para que as bactérias e vírus não proliferem. Para essa higienização, lave com água e sabão as gamelas, mantas e brinquedos do cão e depois deixe de molho durante 15 minutos, numa solução desinfetante, que pode fazer em casa: 1 parte de lixívia, para 4 partes de água – 200ml de lixívia para 800ml de água, por exemplo. Essa mesma solução pode ser utilizada para limpar o chão.
4 – A alimentação ministrada de ser adequada à situação, água limpa e não expor o cão ao frio, humidade, correntes de ar ou choques de temperatura abruptos. E se, infelizmente, o seu cão costuma dormir na rua, tem de lhe arranjar um canto em casa, ou na garagem onde possa estar protegido da intempérie.
5 – Também não deve fazer esforços, nem passear de coleira, mas de arnês de forma a proteger a garganta de agressão extra, quando puxar a coleira durante o passeio, que deve ser curto e sem brincadeiras.
6 – Caso haja outros cães na mesma casa, deve separá-los por pelo menos 20 dias, para evitar o contágio dos cães e não permitir que compartilhem os mesmos utensílios (gamelas, camas, mantas ou brinquedos).
Vacinação contra a tosse do canil
Neste caso, como em outros, prevenção é o melhor remédio. E embora a vacina não proteja o cão a 100%, o certo é que o quadro clínico nunca será tão grave.
Vacine o seu cão anualmente ou semestralmente, principalmente, se for idoso, frágil ou frequente ATL canino, exposições caninas ou se costuma brincar com outros cães.
E se for de férias e o seu cão tiver de ir para um hotel vacine-o pelo menos três semanas antes, pois os hotéis caninos, que trabalham com seriedade exigem a vacina da tosse do canil, para a estadia, sendo que o melhor é o tutor jogar na prevenção e não estar à espera de ir para um hotel, que o obrigue a tal.
Três dias após a vacinação (seja via nasal ou outra), o cão fica imune à bactéria (bordetelha bronchiseptica), mas só após três semanas é que atinge a imunidade aos outros vírus, já referenciados neste texto.
Existem dois tipos de vacinas; uma de aplicação subcutânea, na zona do pescoço, e outra de aplicação intranasal, no nariz do cão. A primeira exige um reforço após quatro semanas, já a intranasal necessita apenas de uma aplicação. A revacinação relativa a estes dois tipos de vacina deve ser anual.
A não esquecer
A Tosse do canil é altamente contagiosa entre cães e de contágio muito rápido.
Seja responsável, se o seu cão foi diagnosticado com tosse do canil, não o deixe contactar com outros cães.
Fique atento aos sintomas já descritos, principalmente após passeios ou excitação.
A vacinação do cão é fundamental para evitar a doença, pelo menos com consequências mais graves.
Em caso algum medique o seu cão sem recorrer a um médico-veterinário, tipo dar aspirinas e outras “decisões estúpidas” que já relatadas e que terminaram com a morte do cão.