Mata dos Medos/Arriba Fóssil da Costa da Caparica : Há gente que abandona seus cães nesta zona
Texto e Fotos por Otília Leitão
Uma paisagem a perder de vista, na plataforma superior da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, concretamente a partir da Mata dos Medos, onde, hoje, 1º de Maio, um grupo de 24 pessoas, acompanhado por representantes da Associação ambiental IRIS, pode apreciar a riqueza botânica da zona, mas também os “atentados” na mesma, inclusive o abandono de cães nas férias de Verão.
Aqui, do alto da Arriba, observam-se os tons azuis de mar sem fim das praias da Costa da Caparica, em contraste com os verdes da riqueza de pinheiros, azevinhos, carrascos, medronheiros e muitas outras espécies características do ecossistema de pinhal.Flores de várias cores, erguem-se viçosas, como que a saudar-nos entre frutos de algumas plantas, nomeadamente dos medronheiros cujo colorido já se exibe.
Ao longo de um percurso de duas horas, conduzido pelo repórter fotográfico, Zito Colaço, que calcorreia este espaço verdejante, há mais de 20 anos, dando especial relevo à parte arborícola, ficámos a saber que há gente que vai passear os cães para essa zona – e são muitos – e lá abandona os sacos de plásticos atados, com cócós, em vez de enterrar estes mesmos, simplesmente .
Mais grave ainda é que há gente que compra cãezinhos para os filhos ou para lhes fazer companhia a si própria e depois, no Verão, quando chegam as férias, ali os vão largar, longe dos olhares dos outros e na escuridão da floresta. De vez em quando há matilhas abandonadas que são depois recuperadas por associações locais.
Aqui e ali ainda foi possível constatar tocas de raposas, já vazias, e que a frequência humana cada vez maior, nomeadamente sobre passadiços sem controle de limites, há muito afugentou estas belas espécies da fauna local.
Dessa presença humana e do seu descuidar, todos observamos vestígios dos seus malefícios, como os restos de uma ave.
“Urge amar a Natureza, senti-la, para compreender a importância de a cuidar”, alertou a coordenadora do Núcleo de Lisboa da IRIS, Mónica Casqueira, enquanto o seu Presidente, Paulo Pimenta de Castro, advertiu que é necessário uma maior sensibilidade e empenho das pessoas de forma a evitarem “atentados” ambientais.
Paulo Castro explicou outras situações anómalas em todo o pais, nomeadamente na região do Gavião, foram construídos passadiços para as pessoas observarem os Grifos, mas afinal, as aves, com a frequente presença humana no seu habitat, acabaram por migrar para outros lugares.
A Mata dos Medos situa-se na plataforma superior da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, ocupando uma faixa de 5 km ao longo da costa ocidental da península de Setúbal, perfazendo uma superfície de 338 hectares.
Terá sido mandada instalar pelo rei D. João V, entre 1689 e 1750, para impedir o avanço das dunas para as terras agrícolas.
É atualmente o grande pulmão do concelho de Almada e foi classificada como Reserva Botânica em 1971, pelo decreto-lei n.º 444 771 de 23 de outubro, devido à riqueza florística apresentada.