D. Berta, em Quintas Quebradas acolhe cão abandonado
D. Berta e o seu fiel companheiro, Piloto

Texto e fotos Otília Leitão

Berta, 82 anos, mulher transmontana, rija e bondosa, vive com o seu filho Victor, numa aldeia a quinze quilómetros de Mogadouro, numa zona agreste e de ausência humana, onde as culturas agrícolas tradicionais estão cada vez mais vetadas ao abandono.

O mundo de Piloto

Mulher que nos anos sessenta rumou a França – onde o seu marido (já falecido há pouco tempo) que atravessou as fronteiras “a monte”, entre serras e vales, para aí buscar o sustento da família – D. Berta sabe o quão é a dureza e a solidão.

Por isso, compreendeu o Piloto, um cão abandonado, que depressa se adaptou ao novo lar com o carinho dos seus novos donos.

 

Piloto éum cão tricolor, com ar de perdigueiro, que foi abandonado ,mas encontrou um lar onde se sente felizPiloto encontrou um lar após viver o abandono. Hoje é o fiel companheiro de D. Berta e é um cão feliz, em Quintas Quebradas. Foto Otília Leitão

Berta, mulher afável, que teve sempre cães ao longo da sua vida, também conta com a vigilância do Piloto. Mostra-me as alfaias agrícolas, agora paradas, e diz-me que as suas oliveiras, “que dão um azeite muito bom”, são agora exploração de terceiros, mediante uma modesta contrapartida, como forma de as manter limpas e cuidadas.

“O meu outro filho, o Edgar, vive em Lisboa e nós já não temos capacidade”. Acrescenta que nos dias de hoje, é muito difícil encontrar alguém para trabalhar a terra nesta zona da região do Côa. Na sua aldeia onde todos a conhecem, há cada vez menos gente e os habitantes vivem cada vez mais entregues a si próprios.

Num olhar pela pequena aldeia de Quintas Quebradas, é notória essa ausência humana. As casas de pedra, típicas, de um tempo que passa, aguardam, desmoronando-se a cada ano, novos olhares que lhes permita erguerem-se vistosas no casario, sem que lhes roubem as raízes culturais.

Casa de pedra, típicas de Trás-os-Montes

“Ai como o meu marido me faz falta! Não há dia que não tenha saudades dele!” desabafa D. Berta olhando para o carro de bois, agora decorativo, sob os sentidos atentos do Piloto.

 

 

 

 

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