Gato Xixo – O viajante clandestino

Por Isabel Lourenço

O Xixo entrou na nossa família de modo totalmente inesperado!

Já lá vão cerca de 9 anos, o meu filho mais novo e uma amiga foram passar uns dias de férias com a irmã, que mora nos arredores das Caldas da Rainha.

Em casa tínhamos, então, um cão de pastor alemão com uns 12 anos. Era um animal de bom carácter e muito dócil, de fácil trato com os humanos, mas reticente a convívios com outros cães ou gatos, o que poderia ter sido extremamente problemático. Felizmente não foi assim, já que, também ele, recebeu bem o novo membro da família, primeiro com curiosidade e depois dedicando-lhe uma amizade fraterna, ao ponto de partilharem a cama.

Gato Xixo, que viajou clandesnitamente das Caldas para Lisboa

Mas recuemos ao início de tudo e às Caldas da Rainha, pois foi aí, que a minha filha, num tempestuoso dia de Inverno, noite cerrada, ouviu um miar muito sumido, vindo de uma mata junto à estrada. Era um gatinho minúsculo, ferido no pescoço e muito debilitado, que não tentou a fuga, nem ofereceu resistência. Deixou-se apanhar facilmente e lá foi ele para a sua primeira casa, onde foi carinhosamente tratado e alimentado.

Todavia, temeu-se que não passasse dessa noite, tal era o estado em que se encontrava. Mas o gatinho aguentou-se, e quando o meu filho, de visita à irmã, o viu, propôs-se logo adoptá-lo, sem sequer se ter lembrado de partilhar a intenção comigo ou que tínhamos em casa um cão, que não gostava de gatos.

Finda a visita, o Xixo, que cabia na palma da mão, viajou clandestinamente de autocarro até Lisboa, aninhado dentro do saco da roupa do seu embevecido e orgulhoso dono. Já em casa, o cão olhou-o com desconfiança, cheirou-o, e, porque deve ter achado, que não constituía qualquer ameaça, ignorou-o. Pela minha parte, que não tinha sido tida, nem achada em todo o processo de adopção, e após a surpresa inicial, também não resisti à doçura daquele ser tão frágil e engraçado. Também eu o adoptei, de coração.

O tempo foi passando e o cão, de quem gostávamos muito, já velhinho, partiu para grande desgosto de todos, incluindo do próprio Xixo, que com ele disputava a primazia dos mimos de cada um de nós, quando chegávamos a casa.

E foi assim que, apesar de ter tido um início de vida pouco auspicioso, o Xixo ganhou um lar e uma família. É a nossa mascote muito mimada. Segue-nos pela casa, ronrona, deita-se sobre as nossas pernas e dá marradinhas, quando quer mais atenção e mimo. De Inverno ocupa, deleitado, o lugar mais próximo da lareira e ninguém tem coragem de o desalojar. Sabe que quem lhe dá o comer habitualmente sou eu – acorda-me a miar se me atraso – e joga às escondidas com o meu filho. Tem-nos dado muitas alegrias.

Gato branco e cinzento, a sua história de como foi adoptado

É, seguramente, um gato muito feliz, como todos o deviam de ser.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui